Rádio Nacional
Por
Milton Ayres
Hoje
em dia a moda é a internet. Todo mundo quer estar lá,
participar e ser visto na rede. Por isso proliferam os blogs pessoais,
os sites comerciais e os videos caseiros. Antes disso foi a onda da
televisão. Aparecer nela sempre foi mágico e deu status.
Muitas carreiras foram construídas ou destruídas por ela.
E conseguir um contrato em uma certa emissora tornou-se a obsessão
maior. Mas muito antes da televisão quem reinou absoluto nesta
seara foi o rádio. Não havia uma família neste
país que não passasse horas defronte dele, como hoje o
fazem na frente da televisão e da internet. E foi uma cena assim
que abriu a temporada do espetáculo “Rádio Nacional
– As Ondas que Conquistaram o Brasil”, dia 1° de março,
em São Paulo.
O
musical, que teve uma carreira de um ano de sucesso no Rio de Janeiro,
chegou emocionando uma platéia bastante heterogênea, formada
por jovens que não viveram aquela época, personalidades
do mundo artístico, atores, modelos, produtores, big brothers,
empresários, jornalistas, parentes, amigos e, claro, senhores
que também traziam muitas imagens daquele período gravadas
na memória.
A
Rádio Nacional, para quem não sabe, foi a principal emissora
de rádio carioca entre as décadas de 30 e 50, como a TV
Record foi a maior emissora de televisão paulista entre os anos
60 e 70 e a Rede Globo, desde então. Ela lançou e consagrou,
nacionalmente, cantores como Dalva de Oliveira, Ângela Maria,
Dick Farney, Orlando Silva, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Dolores Duran,
Ivon Curi, Nora Ney, as irmãs Linda e Dircinha Batista, Marlene,
Ataúlfo Alves, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves, Carmen
Costa, Ademilde Fonseca, entre outros. Os maiores cantores da época
faziam parte de seu casting, como os principais atores de hoje estão
no casting da Rede Globo. É esperar pra ver quem serão
os destaques da nova mídia, a internet, nos próximos anos.
Voltando
ao espetáculo teatral, o elenco de “Rádio Nacional”
é fabuloso! Através de 47 canções, vamos
descobrindo o talento dos atores-cantores Adriana Quadros, André
Dias, Cacau Gondomar, Solange Badin, Luciano Borges, Marcelo Nogueira,
Marciah Luna Cabral e Silvio Ferrarie, em interpretações
marcantes, com pequenas insinuações e trejeitos que remetem
aos artistas homenageados. Um excelente quarteto de músicos toca
ao vivo.
O
musical, que tem a supervisão de Bibi Ferreira, roteiro do jornalista
João Máximo e direção musical do maestro
Helvius Vilella, relata os costumes da época, contando a história
de uma família do subúrbio carioca, interpretada pelos
atores Cláudia Vigonne (produtora do espetáculo), Fábio
Pillar (que também faz a direção cênica)
e Sylvia Bandeira. O texto de Fátima Valença exigiu seis
meses de pesquisa mais três meses de execução. Os
belos figurinos da peça, 90 ao todo, ficaram a cargo de Marcelo
Marques, indicado ao Prêmio Shell. E, além das canções
consagradas, como “Aquarela do Brasil”, “Conceição”,
“Chiquita Bacana” e “Nunca”, o espetáculo
apresenta ao vivo um trecho de uma radionovela e “reclames”
dos patrocinadores da época – Eucalol, Cilion, Toddy, Pan
Am e Coca-Cola. É diversão para todas as idades!
Milton
Ayres
E-mail: milton@del.art.br