Ensina-me a Viver

Por Nanda Rovere

A atriz Glória Menezes, que ficou em temporada no Teatro FAAP, com Ricardo III, volta ao mesmo teatro, com o espetáculo Ensina-me a Viver.

O autor do projeto é o ator Arlindo Lopes, que interpreta um jovem garoto (Harold) que estabelece uma bonita cumplicidade com Maude, uma senhora de quase oitenta anos (Glória Menezes).

Harold é um garoto problemático, pois passa os seus dias chamando a atenção da mãe (indiferente, individualista e autoritária) com a criação de cenas tenebrosas. Preocupada com as atitudes sombrias – e até mesmo suicidas - do filho, ela planeja um casamento para ele, através de uma agência de matrimônio. Diversas meninas aparecem, mas nenhuma consegue cativar nem Harold , nem a sua mãe.

Maude é uma mulher que curte a vida de maneira despretensiosa e, assim como Harold, adora velórios. A amizade entre os dois cresce a cada dia e acaba se tornando um relacionamento amoroso.

Numa sociedade preconceituosa, manter esse relacionamento não é fácil, mas a irreverência e garra dos dois personagens acaba com qualquer obstáculo...salvo o destino.

O texto de Coling Higgins já foi sucesso no cinema e a direção para o palco é do renomado João Falcão.

A história é interessante, mas, ao contrário do que a produção a classifica (comédia romântica), o mais acertado é denominá-la humor negro com pitadas de romance. De qualquer maneira, a vida desses amigos/amantes mostram que idade não importa, o que vale é a vontade de viver, de aventurar-se. A todo momento, a vida invade o palco e nos faz pensar sobre a importância de buscar novas aventuras e alegrias para o nosso cotidiano.

As cenas são dinâmicas e a mudança de elementos de cena freqüente. A cada cena entram e saem diversos objetos e cortinas, que complementar perfeitamente a trama que está sendo apresentada.

A mensagem da peça é bonita, mas talvez eu esperasse mais do texto, pois, em alguns momentos, a montagem, apesar de dinâmica, me tediou um pouco. O uso de microfones talvez seja a maior causa desse tédio, pois considero que isso deixa o ator acomodado na interpretação; sem o microfone, as palavras ressoam com mais força. João Falcão, no entanto, consegue um bom resultado cênico.

Os atores foram bem escalados. Todos estão bem. Glória Menezes exagera no tom de sua personagem, fazendo uma voz um pouco caricata, mas isso não atrapalha a homogeneidade do elenco e nem diminui o talento dessa atriz de suma importância para a História do nosso teatro e TV. Fernanda de Freitas (atriz de TV) faz a sua primeira peça teatral e demonstra um futuro promissor nos palcos.

O figurino, ao contrário dos cenários, é tradicional e, mesmo que a intenção não tenha sido essa, o que ficou foi a valorização entre o novo e o velho, a vida e a morte.

A trilha sonora é perfeita e a luz muito bem elaborada.

Arlindo Lopes é um jovem ator e, ao lado da grande atriz que é a Glória Menezes, assina a produção da peça.

É bonito de ver esse encontro de gerações; ver que Glória Menezes está extremamente ativa e que a idade trouxe maturidade à sua carreira de atriz (tanto na TV com personagens fortes e poéticos), como no teatro.

Sexta-feira 21h30 min R$ 70,00
Sábado 21h R$ 80,00
Domingo 18h R$ 80,00
Teatro Faap End: Rua Alagoas, 903 , Pacaembu. Tel: 11 3662-7233

Nanda Rovere
E-mail:
nanda@del.art.br